Em 1953 seria lançado na Alemanha o Opel Rekord, um carro
tamanho médio, da subsidiária GM naquele país. Anos depois, precisamente em
1966, este automóvel seria usado como base para o desenvolvimento do projeto
batizado de 676 da GM do Brasil. Era o projeto do primeiro carro de passeio
nacional da montadora, que o público ficou conhecendo somente no VI Salão do
Automóvel, realizado entre os dias 23 de novembro e 8 de dezembro de 1968: O
Chevrolet Opala, resultado de mais de dois anos e 500 mil quilômetros de
testes. Este foi a grande vedete do evento. Foi aí que teve início a trajetória
de um automóvel que conquistaria os brasileiros em absoluto, tanto que foi
descontinuado há apenas 10 anos.
O carro foi lançado em duas versões,
Opala e Opala De Luxo, equipadas com também duas motorizações, um 4 cilindros
de 2500 CC (com 80 Hp a 4000 rpm) e o 6 cilindros de 3800 CC. Talvez estes
sejam um dos segredos da durabilidade do Opala, pois eram (ainda são) motores
duráveis que não requeriam muita manutenção. Tivemos notícia de um Opala 73 que
rodou 400 mil km sem qualquer reforma. O carro era bom mesmo, pois em menos de
um ano depois de seu lançamento o Opala já alcançava a marca dos 10 mil carros
produzidos. Em 1970 o modelo Luxo (4 cilindros de 2500 CC) recebeu o troféu de
carro mais perfeito do ano dado pelo programa “Carro é Notícia” da TV Rio canal
13. Em junho de 1970 o carro teve as primeiras mudanças e a linha ganha nova
grade e mais quatro novos modelos, o Opala Especial (standard), o Opala de Luxo
(intermediário), o Opala Gran Luxo (a versão mais luxuosa com acabamento
requintado) e o Opala SS.
Essa versão esportiva da linha
Opala merece um pouco mais de atenção, pois é o mais procurado pelos
colecionadores. O Opala SS trazia a novidade do motor 4100 CC de 6 cilindros
com a potência aumentada para 140 Hp ( a 4000 rpm). O show ficava por conta das
duas faixas pretas foscas no capô dianteiro, nas laterais, de pára-lamas à
pára-lamas foram aplicadas três faixas pretas para conferir ao carro uma
aparência mais esportiva. O SS vinha equipado com rodas de 14x5 polegadas de
cinco pontas em aço estampado, sem calotas, e com pneus 7,35x14 sem câmaras,
novo volante de três raios com o logotipo SS aplicado no centro, com conta
giros no painel em lugar do relógio (da versão Gran Luxo). Muita gente acha que
a sigla SS quer dizer “Super Sport”, mas na verdade significa “Separed Seats”,
que em português significa “assentos separados”, estes disponíveis como
opcional também na versão Gran Luxo.
Em 1972 a linha Opala seria acrescida
do modelo coupé duas portas sem coluna (uma sensação), um “um fast back de
verdade” ou, o “genuíno Hard Top sem coluna” , como dizia o slogan da época.
Neste ano o modelo SS 4 portas daria lugar ao SS de 2 portas coupé, o que deu
um toque ainda mais esportivo ao carro. Neste mesmo ano a Chevrolet aboliria o
motor 3800 CC de 6 cilindros, ficando em linha somente o 4100 CC de cilindros e
o 2500 CC de 4 cilindros. O emblema que identificava o 6 cilindros 4100 ganhou
nova forma e passou a ser aplicado no pára-lamas dianteiro. Em 1973 a linha
ganhou novo acabamento interno e novas cores.
Em 1974 o carro sofre novas
modificações. Na verdade elas podiam mais ser sentidas do que propriamente
vistas. Tratava-se de um novo motor 4 cilindros chamado de 151 com 90 Hp, o
aperfeiçoamento da suspensão dianteira, no eixo e na transmissão “automatic”
passou a ser disponível em toda a linha Opala inclusive nos 4 cilindros. A nova
versão SS-4, com motor 4 cilindros, recebeu motor 151-S de 98 Hp. Nesta versão
o capô dianteiro, a saia dianteira, saia traseira e pára-choques foram pintados
de preto fosco e as cores disponíveis eram: Vermelho Fórmula, Super Verde e
Amarelo Caju. Nesse ano já eram mais de 300.000 Opalas produzidos.
Em
1975 a GM comemorava 50 anos de Brasil e reestilizou a linha Opala. O automóvel
ficou com uma aparência mais robusta, passou a ter nova grade, novo capô, novos
pára-lamas, a traseira passa a ter 4 sinaleiras redondas, o carro ganha novas
calotas, a versão Gran Luxo é descontinuada e dá lugar ao luxuoso Chevrolet
Opala Comodoro, com o teto em vinil Las Vegas, disponível somente na versão
Coupé. Apesar de tudo, o “xodó” do ano foi o lançamento da Wagon Opala Caravan,
que surge como ótima opção de carro de passeio e utilitário. Apesar de já existirem
peruas como Belina e Variant, a Caravan destacou-se por ter maior porte, por
ser mais robusta e por possuir maior capacidade de carga. Por mais de 20 anos
foi o carro preferido pelas grandes famílias brasileiras e seu único pecado foi
não ter apresentado a versão 4 portas, indispensável em um carro com estas
dimensões. No ano seguinte não ocorreram muitas modificações na linha Opala,
porém surgiu o motor 6 cilindros 250-S com tuchos mecânicos e novo comando de
válvulas, o que ocasionou o aumento de sua potência de 140 Hp para 171 Hp. O
Opala Caravan foi escolhido pela revista Auto Esporte como “O melhor carro
fabricado em 1975”.
Em 1977 somente o
Opala SS passou por algumas mudanças, por exemplo: novas rodas de ferro (gama)
modernas e esportivas; novo volante; novas faixas externas tendo o logotipo SS
escrito na parte inferior dos pára-lamas dianteiros. Em 1978 o Opala ganha nova
grade dianteira, novo volante e a chave da ignição passou a ser na coluna de
direção. O motor 250-S passou a ser disponível em toda linha Opala e o carro
ganha um belo acabamento vinho (chateau), além dos monocromáticos preto e
marrom. Surge a versão SS da Wagon Caravan, com motores de 4 e 6 cilindros, com
faixas decorativas semelhantes às do Opala, novos espelhos, faróis de milha e
vidros Ray-Ban
Em 1979 surgiu o novo sistema de
carburação, com corpo duplo e duplo estágio, novo tanque de combustível com
capacidade para 65 litros e freio de mão entre os bancos dianteiros, mais
prático. Este foi o último Opala de faróis redondos, pois em 1980, apesar da
carroceria continuar a mesma, o carro foi todo reestilizado. O Opala ganha nova
grade, faróis e sinaleiras traseiras retangulares, perdendo um pouco do seu
charme. Nesse ano seria lançado o Diplomata, versão Top de linha, que vinha com
bancos e laterais revestidas em “cashmerew” e console revestido em vinil.
Em 1981 a linha Opala ganhou novo
painel e a Caravan ganha um acessório muito útil em qualquer wagon: o limpador
de vidro traseiro. Em 1982 o Opala ganha transmissão de cinco velocidades com a
5ª marcha em Over Drive para a versão 4 cilindros. A linha Diplomata tem os
pára-choques pretos envolvidos por frisos de borracha e pára-brisas laminado
degradé. Os modelos à álcool tiveram o tanque aumentado de 65 para 88
litros.
Nessa altura, mantendo quase o mesmo
estilo de quando foi lançado, o Opala se manteve em evidência no mercado, e em
88 recebeu nova maquiagem, o carro ganha nova frente (mais proeminente), com
novos faróis, grade e painel. Em 1991 novos pára-choques reestilizados, rodas
aro 15 para o Diplomata e novo acabamento interno, freio à disco nas quatro
rodas e desaparece o quebra vento. Em 1992 o Opala dá seus últimos suspiros em
meio a uma grande novidade: câmbio de 5 marchas com Over Drive para o motor 6
cilindros. Nesse ano a GM comemora a fabricação de um milhão de Opalas, e em 16
de abril de 1992 fabrica o último Opala, que no ano seguinte daria lugar a
outro fantástico automóvel chamado Omega, que por sua vez conseguiu o
substituir nas concessionárias, mas nunca no coração dos brasileiros, que
ainda hoje cultuam este grande carro que até hoje mantém um bom índice de venda
no mercado de usados.
1970 CHEVROLET OPALA
SS
Lançado em 1968, o Opala foi o primeiro automóvel
de passeio da GM, que fabricava caminhões e picapes desde 1925. Sua concepção
era bem peculiar: seu motor vinha do Chevrolet Impala norte-americano, mas sua
carroceria era baseada no Opel Rekord alemão. Opala tanto é o nome de uma pedra
preciosa, quanto a fusão de Opel com Impala. Inicialmente vinha com motores 2.5
de 4 cilindros e 80 cv (153), e 3.8 de 6 cilindros e 125 cv (230), com câmbio
de três marchas na coluna de direção. Foi um grande sucesso de vendas. Em 1970,
o motor 3.8 era substituído pelo 4.1 de 6 cilindros e 140 cv com câmbio de
quatro marchas no assoalho, que equipava a requintada Gran Luxo, que vinha com
teto de vinil, e a esportiva SS, com faixas negras no capô e laterais. Com a
estréia do cupê no ano seguinte, a versão SS deixava
de ser oferecida ao sedã.
FICHA TÉCNICA
Nome | Chevrolet Opala |
Construtor | Chevrolet, grupo General Motors |
Produção | 1968 — 1992 |
Modelo | |
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Carroceria | Coupé (2 portas) Sedã (4 portas) Station Wagon (2 portas) |
Motor | Quatro cilindros 2.5L (153 pol3) 2.5L (151 pol3) 2.5L "151-S" (151 pol3) Seis Cilindros 3.8L (230 pol3) 4.1L (250 pol3) 4.1L "250-S" (250 pol3) |
Caixa de velocidades | 4 cc 3 velocidades, manual 4 velocidades, manual 5 velocidades, manual 4 velocidades, automática 6 cc 3 velocidades, manual 4 velocidades, manual 5 velocidades, manual (opcional) 4 velocidades, automática |
Dimensões | |
Peso | 1.116kg — 1.350kg |